A importância dos manuais centrais de contabilidade

A operação de M&A está em ascensão, à medida que empresas ambiciosas buscam aumentar sua presença internacional. Um manual central de contabilidade muito bem estruturado e abrangente é uma exigência fundamental para quem deseja expandir com sucesso.

A operação de Fusões e Aquisições (Merge and Acquisitions – M&A) internacional aumentou significativamente após a pandemia de Covid-19, à medida que as organizações mundiais percebem que fazer negócios remotamente não é apenas possível, mas pode até ser preferível em algumas circunstâncias. As empresas ambiciosas agora estão atentas a novas oportunidades para desenvolver e expandir seus negócios internacionalmente.

No terceiro trimestre de 2021, por exemplo, a atividade de M&A continuou com uma taxa de crescimento sem precedentes, com o valor total da transação global anunciada aumentando 13,7% sequencialmente e 32% anualmente, atingindo o valor de US$ 1.17 tri. Os analistas estão otimistas sobre o crescimento adicional em 2022.

O crescimento internacional vem com uma série de considerações e exigências adicionais. Uma das mais importantes é a criação de um manual central de contabilidade eficaz.

A existência de um manual central de contabilidade robusto, prático e acionável é considerado crucial não apenas para a condução de um processo de due diligence eficiente, mas também para o processo de integração de M&A. Para organizações que participam de uma operação de M&A, as políticas contábeis devem ser alinhadas e consistentes em áreas como:

  • Processos de contabilidade de aquisições e consolidação;
  • Políticas/procedimentos internos relacionados com a função de contabilidade e finanças;
  • Outros tópicos relevantes de relatórios financeiros, como o tratamento de bens, instalações e equipamentos, instrumentos financeiros e princípios contábeis aplicáveis para reconhecimento de receitas, e/ou contabilidade sobre locação.

O que é um manual central de contabilidade – e o que ele deve conter?

Um manual central de contabilidade é um documento detalhado que descreve as regras e procedimentos contábeis das organizações a nível de sociedade, fornecendo diretrizes claras para as entidades da sociedade. Deve ser desenvolvido internamente pela organização ou por um provedor de serviços local. Os manuais centrais de contabilidade variam em tamanho, dependendo do tipo de organização e de sua presença geográfica.

Ele é fundamental para permitir a elaboração de bons relatórios de gestão financeira e corporativa. O manual é essencial para garantir que as receitas e as posições financeiras e de fluxo de caixa de uma empresa sejam apresentados com precisão e de forma confiável em circunstâncias complexas, de acordo com as estruturas contábeis subjacentes.

Por exemplo, as normas contábeis, como as IFRS, Swiss GAAP, UK GAAP e US GAAP, permitem diversas opções no que diz respeito ao tratamento contábil das transações. É preciso haver instruções claras em nível geral sobre quais normas e políticas contábeis as entidades devem adotar para garantir que haja uma abordagem uniforme e consistente para fins de relatório central.

Elaborar este manual é algo que uma empresa deve considerar, e se concentrar, desde o início. Ele deve ser definido antes que uma empresa faça aquisições, cresça em novos mercados ou realize transações complexas. A contabilidade deve ser consistente e uniforme quando uma empresa se expande – fazer mudanças é muito mais difícil no futuro.

Um manual central de contabilidade deve começar com uma seção introdutória que explique o objetivo do documento e a responsabilidade da equipe de gestão em relação às contas da empresa. Portanto, ele deve cobrir uma visão geral sobre a organização e suas entidades, e deixar claro como elas influenciam os processos contábeis.

Em seguida, ele deve explicar detalhadamente os procedimentos e políticas contábeis e definir como os relatórios devem ser realizados. Ele deve incluir todos os diferentes aspectos contábeis, como controles internos, definições contábeis, políticas e processos de relatórios gerenciais.

Um bom manual, no entanto, também deve ir muito além de um conjunto de políticas e princípios contábeis. Ele deve atuar como um guia sobre o compliance regulatório e as exigências estatuárias e de relatórios gerenciais necessários, além de servir como uma ferramenta de referência para treinar os funcionários atuais e instruir os novos contratados. Ele deve ser incorporado ao coração do negócio – e deve ser acessível, mas não editável.

Quais são os benefícios?

Há muitos benefícios em ter um manual central de contabilidade abrangente, acionável e personalizado.

Ele fornece uma abordagem consistente sobre a contabilidade à medida que ela cresce, independentemente de seu tamanho. É a base para a implementação de controles internos estabelecidos e consistentes em todo o grupo, e o melhor caminho para garantir o compliance regulatório em todas as jurisdições correspondentes.

Para garantir que ele esteja totalmente integrado ao ambiente e às circunstâncias específicas de uma empresa – e ao sistema de Planejamento de Recursos Empresariais (Enterprise Resource Planning – ERP) –, ele deve ser ilustrado com casos de utilização reais do setor ou jurisdição.

Para ilustrar este ponto, considere o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (Research and Development – R&D) da empresa. De acordo com as Normas Internacionais de Relatório Financeiro (International Financial Reporting Standard – IFRS), há uma exigência de capitalizar os custos de R&D, e por isso, este setor precisará ser incorporado às políticas contábeis. No entanto, de acordo com o UK GAAP, a empresa pode decidir se deseja ou não capitalizar estes custos. Uma decisão precisa ser tomada e deve ser mantida de forma consistente em todas as entidades do grupo.

Outro bom exemplo é a contabilidade sobre locação. De acordo com as IFRS 16, as locações que se qualificam para a isenção de locação de baixo valor podem continuar a ser tratadas como extrapatrimoniais. Mas o que a empresa está classificando como “baixo valor”? A classificação interna deve ser estabelecida em nível de sociedade e aplicada de forma consistente em todas as subsidiárias.

E quais são os riscos de não se ter um manual?

Sem um manual central de contabilidade apropriado, o grupo sofrerá com princípios contábeis inconsistentes e, portanto, com uma qualidade inferior de relatórios – e uma gestão incapaz de revisar adequadamente o desempenho financeiro.

Ter um manual frágil é tão problemático quanto não ter nada. Vimos vários exemplos de manuais desatualizados ou de difícil compreensão que atrasam as empresas. Alguns manuais também sofrem por não serem muito orientados para a prática no que diz respeito à empresa de maneira individual.

Estar despreparado normalmente resultará em processos de consolidação mais complexos, com mais tempo e custos envolvidos, e também pode ter um efeito negativo sobre a auditoria. Sem uma imagem coerente e clara sobre as finanças, os auditores levarão mais tempo para filtrar os números, aumentando seus honorários.

Além disso, a falta de um manual pode ter um impacto comercial significativo. Se uma empresa deseja criar um inventário, por exemplo, um manual central de contabilidade robusto é uma das principais áreas de avaliação de aptidão para uma oferta pública inicial (Initial Public Offering – IPO). Não ter um manual pode indicar que uma IPO está atrasada, ou mesmo cancelada.

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