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Managing Director and Head of Capital Markets Services, TMF Group
SFS Senior Manager, Brazil, TMF Group
Publicado
20 junho 2023
Tempo de leitura
5 minutos

Agentes de monitoramento: a importância da função transitória que os “watchdogs” desempenham nas negociações de dívidas

No cenário econômico global atual, os agentes de monitoramento (MAs), ou “watchdogs”, estão mais atarefados do que nunca. Nosso expert explica o que são, o que fazem e o motivo pelo qual são considerados benéficos pelas partes envolvidas na negociação.

À medida em que o acesso ao crédito fica mais restrito nas economias em todo o mundo, a frequência em que ocorrem as renegociações de dívidas se torna um problema mais latente – tanto para empresas que visam reestruturar o crédito pendente quanto para investidores que buscam garantir o pagamento e otimizar o rendimento.

Sempre que estas questões requerem negociação entre o devedor corporativo e os credores enquanto investidores, existe a necessidade de agentes de monitoramento (monitoring agentes – MA) – comumente designados como “watchdogs”.

Enquanto os credores determinam e as empresas demandam o intermédio de MAs, todas as partes envolvidas na negociação da dívida se beneficiam da maior confiança proveniente da função exercida pelo watchdog com relação à situação financeira subjacente da empresa em questão. De maneira geral, todos os envolvidos recebem os mesmos relatórios produzidos pelo MA e, portanto, é fundamental que todas as partes sintam confiança com relação à sua a nomeação. Afinal, os relatórios produzidos pelo watchdog, que fornecem absoluta transparência sobre diferentes métricas, além de detalhar dados históricos que auxiliam a compreensão das partes com relação ao panorama financeiro da empresa, precisam ser confiáveis para fornecer uma base sólida para a renegociação de dívidas.

Compete exclusivamente ao MA a elaboração e distribuição de relatórios que descrevam – detalhadamente – o comportamento financeiro e operacional da empresa em questão, bem como o acompanhamento dos covenants, financeiros ou não, pré-definidos entre o devedor e seus credores (ou em forma de instrumentos de dívida especificados no escopo do contrato de serviços do watchdog).

Uma tarefa importante que o watchdog assume – para todas as partes envolvidas – é o monitoramento do fluxo de caixa da empresa, a composição de suas estruturas de capital, bem como as informações relacionadas aos cargos mais elevados da empresa. Também é fundamental que o MA supervisione regularmente os eventos de liquidez da empresa, incluindo:

  • a situação financeira da empresa (atualização das principais métricas)
  • seu desempenho operacional de acordo com parâmetros predeterminados
  • análise sobre a composição de preços e custos
  • mensuração do progresso corporativo relacionado às principais metas orçamentárias e operacionais
  • monitoramento de outros ativos da empresa apresentados como garantia ou contingência.

A própria empresa se beneficia deste papel de supervisão, pois gera confiança nos investidores em função da transparência que respalda as renegociações de dívidas. Para a empresa, esta medida promove a melhoria do fluxo de caixa – muitas vezes em decorrência do prolongamento do prazo dos custos de financiamento – além de outros acordos que são benéficos entre as partes.

Confiar no MA que fornece estes serviços é claramente crucial: autorizar o trabalho de um watchdog capaz de gerar um alto grau de confiança é o principal objetivo. Um dos principais obstáculos a evitar é, portanto, optar pela contratação de um MA que possa ser enxergado como parcial por alguma das partes. É preciso ter muita cautela para evitar a contratação de um MA que tenha quaisquer conflitos de interesse, ou mesmo uma opinião com relação à situação.

Da mesma forma, é importante que a empresa não simplesmente duplique a função de auditoria: uma das principais funções do MA é complementar o trabalho dos auditores existentes e, além disso, vale ressaltar que os investidores geralmente preferem quando o papel de watchdog é conduzido por uma empresa que não é de auditoria, o que pode trazer uma nova abordagem para metodologias e estratégias de análise. Uma parte importante deste processo é, simplesmente, a flexibilidade – a capacidade do MA de se envolver com situações muito personalizadas e se adaptar às expectativas e necessidades de todas as partes.

Os MAs também precisam ser organizações globais, com uma presença geográfica que gere credibilidade com relação a investidores internacionais e a outras entidades internacionais, como bancos, advogados e outros participantes nas negociações da dívida.

Por fim, os MAs precisam ter um histórico efetivo na gestão de transações de dívida corporativa, garantindo que compreendem completamente as estruturas regulatórias, as exigências de divulgação, as cláusulas e registros das transações, além de serem capazes de demonstrar que são especialistas com relação à grande variedade de tipos de financiamento.

Portanto, ainda que os MAs sejam o intermediador para renegociações de dívida bem-sucedidas, alguns são mais resilientes e permitem que as partes se aproximem de um acordo de renegociação de dívida benéfico para ambos. O sucesso deste processo exige, claramente, que os MAs sejam capazes de gerar confiança em todas as partes envolvidas – não apenas a partir da precisão dos relatórios fornecidos sobre a empresa subjacente, mas também quando se trata de sua competência profissional e suas capacidades como parceiros e consultores financeiros no que podem ser discussões potencialmente tensas e complexas. Em última análise, isso depende da contratação de profissionais confiáveis e capacitados que estejam familiarizados com as finanças corporativas e as transações de dívidas, e sejam vistos como experts neutros por todas as partes envolvidas.

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