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Publicado
27 março 2023
Tempo de leitura
3 minutos

Capital privado: Desenvolvendo a capacidade de financiamento de projetos além das IFDs

Financial charts showing growing revenue

As maiores restrições fiscais enfrentadas pelos bancos de desenvolvimento ao redor do mundo estão abrindo uma oportunidade para a participação do setor privado no financiamento de projetos de infraestrutura.

A atual conjuntura da economia global está levando a um aumento nas oportunidades de financiamento privado. Existem, no entanto, grandes desafios ao se constituir sindicatos de financiadores equilibrados para projetos em mercados globais, particularmente para negócios que são estruturados sem qualquer participação de instituições financeiras de desenvolvimento (IFDs). A ausência de bancos de desenvolvimento muitas vezes gera questionamentos com relação ao risco político embutido, considerando que a participação destes em projetos são tradicionalmente vistos como relevantes para o processo de validação em várias jurisdições.

Parcerias com governos, IFDs e outras organizações multilaterais serão importantes, mas a colaboração mais relevante a ser constituída é com o capital privado: bancos comerciais, investidores institucionais e até mesmo private equity.

Os investidores institucionais estão surgindo como uma fonte particularmente líquida de capital para projetos de infraestrutura. O investimento fornecido por seguradoras, fundos de pensão e de gestão de ativos é frequentemente compatível com os investimentos de longo prazo que são implementados para abranger a fase operacional durante o financiamento de projetos (com prazos geralmente entre 7 e 25 anos, dependendo da estrutura do negócio e do setor). Esta medida permite que os bancos comerciais cubram o financiamento das fases de desenvolvimento e construção, cujo prazo não é muito mais curto (levando de um a três anos), mas que também implica em maior risco.

Embora algumas similaridades possam ser identificadas entre diferentes tipos de investidores e suas suscetibilidades ao risco, não existe um modelo único simplificado de parceria. Cada projeto precisa ser desenvolvido para atender aos pools específicos de liquidez e expertise disponíveis, especialmente ao se estruturar dívida e equity em operações individuais.

O setor privado busca cada vez mais diversificar sua exposição a financiamentos de longo prazo e, especialmente, os projetos de infraestrutura que podem trazer benefícios de ESG. No entanto, estes riscos geralmente precisam do envolvimento de bancos de desenvolvimento multilaterais para fornecer as garantias que permitam que os riscos do projeto sejam precificados de maneira viável (bem como, muitas vezes, cofinanciados com seu próprio capital), criando um perfil de relação risco x recompensa aceitável para investidores privados aderirem ao negócio.

Esta abordagem também tem implicações práticas para aqueles que facilitam o financiamento de projetos. A maior pluralidade dentro dos sindicatos cria complexidades no alinhamento das exigências econômicas e de controle de risco de todos os players – principalmente quando estes incorporam players nacionais e internacionais. Compreender a estrutura legal (baseada em trusts, ou através de contratos de financiamento específicos, como estruturas islâmicas) também é um aspecto crítico para garantir que o risco do negócio possa ser delegado sem maiores problemas ao setor privado.

Como é comum haver vários credores em projetos de grande porte, o principal investidor ou o maior investidor local normalmente terá a responsabilidade pela movimentação entre as partes. No entanto, em alguns casos, existem credores menores não bancos, que não podem desempenhar esta função, nestes casos, a função de banco líder do financiamento pode ser colocada em disputa – às vezes desempenhada por agentes de projeto.

Os agentes de projeto desempenham um papel importante no aumento do número de patrocinadores para a expansão dos negócios em novas jurisdições. Ao aproveitar a expertise e a presença local em projetos, como na África do Sul, por exemplo, o risco previsto de se mudar para outro lugar na África, onde o agente também possui presença, torna-se muito mais fácil de ser aceito.

Nick Clarke Head of Capital Markets da MEA | TMF Group

Na Europa, há uma notável tendência nos últimos dois anos de que os mandatos para o papel de agente em financiamento de projetos sejam frequentemente terceirizados para provedores independentes. Os bancos líderes têm buscado abrir mão de negócios menos lucrativos, ainda mais se não houver um vínculo direto com o cliente.

Enquanto isso, a maioria dos projetos em mercados desenvolvidos (MD) já estão em grande parte considerados de baixo risco quando comparados aos de mercados emergentes (ME). Em MD, as principais fontes de risco estão relacionadas ao desempenho em novos segmentos da indústria – e aqui os dados estão sendo cada vez mais utilizados como uma ferramenta de gestão proativa para garantir que as mitigações de risco do projeto sejam iniciadas antes das revisões de processos sistêmicos mostrarem que os projetos estariam saindo dos trilhos.

É importante notar, no entanto, que os alertas preventivos sobre a aproximação dos limites de solvência – bem como a crescente pluralidade de fontes de financiamento – também são válidos em ME, assim como as características comuns que unem a evolução da estruturação de projetos financeiros em todo o mundo, seja na Europa, África, América Latina ou nos Estados Unidos.

Financiamento de projetos

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