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Publicado
22 julho 2025
Tempo de leitura
4 minutos

Fazendo negócios na Itália

A economia desenvolvida da Itália, sua força de trabalho qualificada e posição estratégica na Europa tornam o país um destino atrativo para investidores estrangeiros. No entanto, existem desafios regulatórios, fiscais e administrativos que exigem atenção e planejamento cuidadoso.

A Itália é a terceira maior economia da zona do euro e um dos principais hubs globais do setor produtivo e de exportação. Seu PIB atingiu €2,1 tri em 2023, colocando o país como a oitava maior economia do mundo. As principais indústrias incluem maquinário, setor automotivo, moda, produtos químicos e processamento de alimentos.

Com uma população de 59 milhões de pessoas e alta conectividade com outros mercados europeus, a Itália oferece acesso a uma extensa base industrial e uma força de trabalho qualificada. O país é membro da União Europeia (UE), do Grupo dos Sete (G7), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e adota o euro como moeda. Embora o italiano seja o idioma oficial, o inglês é amplamente utilizado no ambiente empresarial.

A Itália também atua como ligação estratégica de comércio e transporte entre a Europa, o Norte da África e o Oriente Médio, impulsionada por sua infraestrutura avançada e rede portuária.

Desafios para fazer negócios na Itália

A Itália continua sendo uma potência econômica da Europa, oferecendo às empresas globais acesso ao mercado e oportunidades dentro da cadeia de abastecimento. No entanto, empresas estrangeiras enfrentam uma complexidade substancial ao ingressar no mercado italiano.

A Itália foi classificada entre as 10 jurisdições mais complexas no Índice Global de Complexidade Corporativa da TMF Group, com destaque para seu desafiador ambiente regulatório e fiscal.

Aspectos culturais, como o uso do idioma local na documentação e as diferenças administrativas regionais, contribuem ainda mais para essa complexidade. A cultura empresarial enfatiza a hierarquia, a confiança pessoal e a construção de relacionamentos. Conhecer essas peculiaridades é essencial para obter êxito.

Estabelecer uma entidade legal, contratar funcionários e garantir o compliance fiscal exige atenção meticulosa aos procedimentos formais e às regulamentações locais. Apesar desses obstáculos, a Itália continua atraindo investidores em busca de capacidades industriais, inovação e acesso estratégico à Europa.

Compliance e ambiente regulatório na Itália

O ambiente regulatório da Itália é considerado altamente complexo devido aos seus procedimentos burocráticos, mudanças legislativas frequentes e exigências de relatórios em múltiplos níveis.

Todas as empresas devem seguir os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos italianos (Generally Accepted Accounting Practices - GAAP) ou as Normas Internacionais de Relatório Financeiro (International Financial Reporting Standard - IFRS) (para entidades listadas) e apresentar balanços financeiros anuais ao Registro delle Imprese. Estas documentações devem ser submetidas em até 30 dias após a aprovação dos acionistas e incluir divulgações financeiras, como relatórios da diretoria e pareceres de auditoria, quando aplicável.

A Itália adotou importantes diretrizes da União Europeia e da OCDE, incluindo a Lei de Conformidade Tributária de Contas Estrangeiras (Foreign Account Tax Compliance Act - FATCA), o Padrão Comum de Relatórios (Common Reporting Standard - CRS) e o plano de combate à Erosão da Base e Transferência de Lucros (Base Erosion and Profit Shifting - BEPS). O país também aplica leis rigorosas de prevenção à lavagem de dinheiro e de promoção de transparência. Os diretores devem ser registrados, e os beneficiários finais devem ser divulgados conforme as regulamentações da UE.

As exigências de governança corporativa variam conforme o tipo e o porte da entidade, com obrigações adicionais para empresas de grande porte ou de capital aberto. O compliance geralmente requer suporte jurídico e tributário especializado para lidar com atualizações frequentes e diferenças administrativas regionais.

Contratação e empregabilidade na Itália

A legislação trabalhista na Itália é regida pelo Código Civil, contratos coletivos nacionais e acordos sindicais, que influenciam significativamente os termos de emprego e os benefícios. A jornada padrão é de 40 horas semanais, com horas extras regulamentadas por lei.

Os empregados têm direito a um mínimo de quatro semanas de férias anuais e 11 feriados nacionais. Os empregadores contribuem com cerca de 30% do salário bruto para a previdência social, que financia aposentadorias, saúde e benefícios associados ao desemprego.

Contratos de trabalho por prazo determinado, em tempo parcial e por meio de agências são todos regulamentados por normas nacionais. Cidadãos de fora da União Europeia precisam de permissões de trabalho e vistos de residência, geralmente processados por meio do Single Immigration Desk.

A Itália também participa do programa Cartão Azul da UE, que facilita a contratação de profissionais altamente qualificados de fora do bloco.

Ambiente financeiro e fiscal na Itália

A carga tributária na Itália é relativamente alta em comparação com outros países da União Europeia, o que contribui para sua classificação como um ambiente de negócios complexo. A alíquota padrão do imposto de renda corporativo (Imposta sui Redditi delle Società - IRES) é de 24%, com um imposto regional sobre produção (Imposta Regionale sulle Attività Produttive - IRAP) adicional, geralmente em torno de 3,9%.

Empresas residentes são tributadas sobre sua renda global, enquanto empresas não residentes são tributadas apenas sobre a renda gerada na Itália. O IVA (Imposto sobre Valor Agregado) é de 22%, com alíquotas reduzidas de 10% e 5% para determinados bens e serviços.

As empresas devem apresentar declarações anuais de imposto de renda corporativo e podem estar sujeitas a pagamentos antecipados. Regras de preços de transferência, capitalização restrita e medidas antielisão são aplicadas e alinhadas de acordo com as diretrizes da UE e da OCDE.

Há incentivos para investimentos em P&D, iniciativas de transição verde e reinvestimento de lucros em inovação, mas o compliance continua sendo altamente atrelado aos aspectos processuais e exige extensa documentação.

Constituindo um negócio na Itália

Registrar uma empresa na Itália envolve várias etapas processuais e pode levar algumas semanas. A estrutura jurídica mais comum é a Società a responsabilità limitata (SRL), equivalente a uma sociedade limitada. Ela exige um capital social mínimo de €1 para SRLs simplificadas ou €10.000 para as tradicionais.

Outras estruturas incluem a Società per Azioni (SpA), adotada por empresas de maior porte ou listadas em bolsa, além de filiais de empresas estrangeiras.

As etapas para a constituição incluem:

  • Obtenção de assinatura digital e código fiscal para os administradores
  • Elaboração e registro notarial dos documentos de constituição
  • Registro no Registro delle Imprese/li>
  • Abertura de conta bancária corporativa
  • Inscrição no IVA e nos sistemas de contribuição previdenciária

As SRLs exigem pelo menos um administrador e um sócio. Após o registro, as empresas devem manter livros societários estatutários e cumprir obrigações de reporte anual..

Saiba mais sobre como fazer negócios na Itália solicitando nosso guia completo.

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