GBCI 2022: Complexidade corporativa na América do Norte

O Índice Global de Complexidade Corporativa 2022 da TMF Group explora 292 diferentes indicadores relacionados à complexidade corporativa, para fornecer uma análise aprofundada dos desafios globais e locais que afetam a facilidade de se fazer negócios em todo o mundo.

Os insights do GBCI podem ajudar os investidores a escolher e gerenciar seus destinos com maior confiança. As jurisdições que estão classificadas como as mais complexas geralmente estão entre as mais atrativas para oportunidades de recrutar talentos e captar clientes. O conhecimento local te ajudará a lidar com esta complexidade, permitindo que você gerencie a exposição ao risco de compliance e encontre seu caminho para o crescimento.

Neste artigo, analisamos profundamente a região da América do Norte, para examinar os catalisadores de complexidade corporativa em cada jurisdição ou, pelo contrário, apresentando o que as torna ambientes mais simples para investimentos ou para começar a operar.

4. México

Ao contrário de muitas outras jurisdições, o México não implementou nenhum incentivo durante a pandemia para aliviar a pressão financeira sobre as empresas. Isso se deve em parte à natureza lenta do parlamento, mas também às iminentes eleições políticas de 2022.

Incorporar uma empresa continua sendo um dos aspectos mais complexos de se fazer negócios no México. Todas as empresas devem ter um número de identificação fiscal para existirem legalmente, mas ele só pode ser obtido por meio de agendamentos presenciais, para recolhimento de dados biométricos. Durante a pandemia, as autoridades fiscais reduziram a sua capacidade operacional para cerca de 40%, acrescentando atrasos significativos aos prazos de incorporação. Abrir uma conta bancária também é um processo demorado, geralmente levando de dois a três meses.

Operar no México é complexo, mas geralmente é um processo relativamente estável. No entanto, uma lei recente foi aprovada exigindo que todas as empresas paguem 10% dos lucros gerados a cada ano financeiro aos funcionários permanentes. Novos negócios podem ser abertos prevendo isso, mas essa mudança criou complexidade para as empresas existentes que precisavam se adaptar a ela. Isso também levou muitas empresas que empregavam terceirizados a contratar funcionários permanentes. Algumas empresas que prestam serviços de terceirização estão sujeitas a exigências de relatórios mais elevadas.

A partir de 1º de janeiro de 2022, entrou em vigor uma nova lei exigindo que as empresas forneçam informações de UBOs às autoridades fiscais. As exigências exatas da nova lei não são claras, com novas obrigações prolongando o processo de incorporação em cerca de três semanas.

Outra reforma recente diz respeito aos relatórios de folha de pagamento. As autoridades fiscais devem carimbar todos os documentos, e uma nova legislação está entrando em vigor, exigindo que o código postal dos funcionários esteja no carimbo registrando data e hora. Isso criará uma carga administrativa e idiossincrática elevada. No entanto, há esperança de que o México se torne mais simples à medida em que a pandemia vai passando.

Acredito que a única coisa que vai aliviar a complexidade é o fim da pandemia. Esperamos que o gargalo da autoridade fiscal diminua. Com este aspecto melhorando, todos os processos de abertura de um negócio no México podem se tornar mais simples, um pouco menos penoso.

Confira os dados do México no Painel de Insights de Complexidade.

18. Nicarágua

A Nicarágua é mais uma vez uma das jurisdições mais complexas no GBCI deste ano. Um dos principais impulsionadores disso é a crise sociopolítica de 2018 que gerou protestos contra as reformas da previdência social que levaram à morte de quase trinta pessoas. Os protestos resultaram no cancelamento das reformas que visavam reduzir benefícios e aumentar impostos.

Desde então, houve uma incerteza política generalizada na jurisdição, levando a uma contração da economia em cerca de 4% em 2018 e 2019. Além disso, o governo da Nicarágua foi criticado pela comunidade internacional, que solicitou eleições democráticas livres na jurisdição. Atualmente, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Office of Foreign Assets Control – OFAC) tem sanções vigentes contra funcionários e instituições governamentais atuais.

Isso pode levar a uma maior complexidade para empresas que desejam incorporar e operar dentro da jurisdição, já que a relação entre autoridades governamentais e associações empresariais privadas se tornou fragmentada. Um exemplo disso é o aumento de tempo necessário para lidar com instituições públicas para obter licenças e compliance. Além disso, exigências adicionais foram trazidas para tais procedimentos.

No entanto, apesar da incerteza e complexidade que a jurisdição enfrentou nos últimos anos, a Nicarágua continua atrativa graças à sua localização no coração da América do Sul, uma força de trabalho econômica e de alta qualidade, além de recursos abundantes.

A crise sociopolítica de abril de 2018 e a pandemia da Covid-19 em 2020 levaram à instabilidade do produto interno bruto. A economia da Nicarágua contraiu 4% e 3,9% em 2018 e 2019, respectivamente. No entanto, a Nicarágua está estrategicamente localizada no coração das Américas. A força de trabalho é econômica e de boa qualidade, e os indicadores macroeconômicos também têm se mantido estáveis.

Confira os dados da Nicarágua no Painel de Insights de Complexidade.

28. República Dominicana

A complexidade na República Dominicana vem principalmente da área de contabilidade e impostos. As leis relativas ao imposto sobre vendas (ITBIS) e ao imposto de renda (ISR) podem ser difíceis para as empresas estrangeiras lidarem e podem consumir muito tempo. Em função disso, a assistência de um consultor fiscal é altamente recomendável.

No entanto, a República Dominicana representa uma grande oportunidade de investimento, principalmente devido à sua localização favorável. Posicionado no coração do Caribe e conectado a grandes mercados consumidores, a jurisdição atrai um grande número de empresas com uma presença particularmente forte no setor de telecomunicações.

Com relação às perspectivas futuras, não há grandes mudanças legislativas esperadas para o próximo ano, o que significa que é improvável que as empresas estrangeiras tenham que lidar com mudanças nas regras e regulamentos. No entanto, experts locais preveem um período econômico difícil pela frente para a República Dominicana. Isso se deve ao aumento dos preços de alimentos, combustíveis e ferramentas, que ocorre quando o país tentar voltar ao normal depois que a pandemia da Covid-19 destruiu sua indústria de turismo.

República Dominicana representa uma boa oportunidade de investimento, mas as empresas devem recorrer à orientação de um consultor fiscal antes de decidir investir.

Confira os dados da República Dominicana no Painel de Insights de Complexidade.

35. Panamá

O Panamá é politicamente estável e uma jurisdição relativamente simples de operar. De fato, esta jurisdição surgiu na última década como um dos principais lugares para se fazer negócios, proporcionando uma atrativa oportunidade de investimento situada entre a América do Norte e a América do Sul.

O Panamá é um hub de comércio marítimo e aéreo e também atua como um centro internacional de negócios, bancos e de serviços. Como resultado, mais de 80 bancos operam no Panamá, o que o torna um importante centro global offshore para finanças.

Em termos de criação de negócios, o processo de incorporação é muito rápido, normalmente levando entre três e sete dias. No entanto, abrir uma conta bancária é muito mais demorado e pode levar mais de três meses. Além disso, gerenciar o fechamento fiscal em função da dissolução de uma entidade pode levar mais de um ano.

A pandemia levou a uma maior dependência de tecnologia para incorporação de negócios e de compliance fiscal no Panamá. Um exemplo disso é a introdução de uma plataforma tecnológica para garantir o compliance em declarações de impostos. Isso provavelmente aumentará ainda mais nos próximos anos, ajudando a simplificar os processos e aumentar o apelo às empresas estrangeiras.

O Panamá implementou novos processos e ferramentas tecnológicas e comunicou outros planos para executá-los.

Confira os dados do Panamá no Painel de Insights de Complexidade.

36. Guatemala

A Guatemala não é um lugar complexo para operar em negócios estabelecidos. No entanto, existem alguns desafios em torno do registro da empresa, que é um processo demorado. O processo de registro de cada empresa é realizado de maneira independente em cada autoridade ou entidade pública, não havendo comunicação entre as diferentes entidades.

O compliance fiscal pode ser complexo e muda dependendo da atividade econômica ou o regime do negócio. A contribuição patronal pode ser considerada elevada, uma vez que quase todos os pagamentos de funcionários estão sujeitos a contribuições para a seguridade social.

No ano passado, a Guatemala passou a exigir o uso de faturas eletrônicas. Antes, os empregadores podiam utilizar canhotos pré-impressos, mas a partir de 30 de junho de 2021, todos os funcionários devem estar registrados no regime de fatura eletrônica. Essa maior dependência da tecnologia trouxe muitos benefícios, possibilitando a realização de mais submissões online que não poderiam ser feitas antes, e há planos para iniciar a implementação da contabilidade eletrônica. A pandemia acelerou o inevitável em termos de tecnologia, e nossos experts esperam observar sua continuação nos próximos anos.

Cada país tem suas diferenças e a Guatemala não é exceção. Há coisas muito particulares como os regimes fiscais, novidades como o faturamento eletrônico e um possível avanço na contabilidade eletrônica para todos os contribuintes. É um mercado com grande potencial, mas é preciso conhecê-lo.

Confira os dados da Guatemala no Painel de Insights de Complexidade.

44. El Salvador

El Salvador está em uma situação economicamente difícil e instável. Com a adoção vigente do Bitcoin como moeda legal, o governo corre o risco de não ter dinheiro suficiente para cobrir dívidas de curto prazo e não conseguir permissão para empréstimos internacionais. El Salvador também tem relações sociopolíticas e econômicas imprevisíveis com outros países que podem alterar consideravelmente o cenário de investimentos.

Para se adaptar à introdução do Bitcoin, os times de contabilidade agora devem ser treinados para transações que ocorrem em moedas físicas e criptomoedas. É muito complexo diferenciar e gerenciar estas transações e como cada uma delas é tratada como ativos. O Bitcoin e outros pagamentos alternativos criaram um pico de fraudes e golpes. Como resultado, sistemas aprimorados de controle de segurança estão entrando em vigor para minimizar isso.

Além do que foi citado anteriormente, El Salvador aprovou a “Money and Asset Laundering Act” no ano passado. Ela impõe maiores exigências e controles de compliance às empresas e aumenta ainda mais a complexidade.

Atualmente, El Salvador e sua relação política com os Estados Unidos da América se deterioraram e não há uma imagem clara da abordagem que o presidente salvadorenho tomará a respeito das relações internacionais.

Confira os dados de El Salvador no Painel de Insights de Complexidade.

45. Costa Rica

A Costa Rica se tornou mais simples nos últimos anos porque a jurisdição tem trabalhado ativamente para facilitar os negócios após a reforma tributária de 2018. Ela introduziu uma série de mudanças, incluindo uma lei de IVA que trouxe grandes mudanças e teve como objetivo alinhar a Costa Rica com os padrões internacionais e as recomendações da OECD.

Outro aspecto que vem impulsionando a simplicidade é o desenvolvimento de ferramentas digitais e o foco ativo na desburocratização dos processos de incorporação. Houve um comprometimento específico do governo para tornar a Costa Rica em um lugar mais atrativo para as empresas se estabelecerem, o que, por sua vez, atraiu grandes corporações, incluindo a Microsoft e a Amazon.

Um aspecto que ainda pode gerar complexidade na jurisdição são as exigências de transparência. Por exemplo, durante a criação de uma conta bancária, a divulgação de UBO e as declarações de imposto de renda dos últimos três anos são necessárias. Isso também envolve muita interação com os bancos, o que pode gerar complexidade. Além disso, para contratar funcionários dentro de uma organização, existem certas exigências que criam complexidade, por exemplo, o regulador pode solicitar entrevistas com funcionários para confirmar se as divulgações das corporações correspondem à experiência do funcionário.

A Costa Rica está abordando questões específicas para reduzir a complexidade, especialmente para empresas estrangeiras que iniciam operações no país. No entanto, diversos órgãos e organizações precisam ser notificados para que as pessoas jurídicas se tornem operacionais, o que continua sendo um grande desafio para as empresas estrangeiras.

Confira os dados da Costa Rica no Painel de Insights de Complexidade.

47. Honduras

Honduras é uma das jurisdições da América Central mais simples incluídas no GBCI. É uma jurisdição estável na qual a legislação e os regulamentos raramente mudam. Embora isso seja um ponto forte e torne os quadros legislativos mais claros para as empresas estrangeiras, alguns processos e regras se beneficiariam com a atualização e a digitalização.

Na fase de incorporação, os processos físicos devem ser realizados em diferentes instituições para completar o processo. Esta é uma área em que Honduras poderiam aprender com outras jurisdições e simplificar os processos para empresas estrangeiras. Alguns processos fiscais também devem ser realizados presencialmente, como a submissão de um formulário fiscal.

Atualmente, as instituições governamentais não são notificadas e não entram em contato durante estes processos, o que significa que os representantes locais das empresas precisam realizar diversos agendamentos presenciais. Isso também indica que as mesmas informações devem ser submetidas separadamente a diferentes órgãos governamentais: os relatórios de previdência social devem ser apresentados a quatro instituições diferentes.

No entanto, Honduras está fazendo esforços para ficar mais alinhado internacionalmente. A jurisdição adotou as IFRS para serviços contábeis e as instituições governamentais estão desenvolvendo um plano para digitalizar o país. As regulamentações relacionadas a UBO, anticorrupção, de troca de informações e regulamentações de preços de transferência também impactarão cada vez mais o país e criarão regulamentações de compliance que as entidades devem cumprir.

Honduras é uma jurisdição estável e atrativa. No entanto, as empresas estrangeiras devem ter suporte de experts locais, porque a maioria dos processos locais são físicos, e não digitais.

Confira os dados de Honduras no Painel de Insights de Complexidade.

52. Canadá

O Canadá continua sendo um lugar simples para entidades estrangeiras que fazem negócios. Para operar, as entidades não precisam estar fisicamente presentes no Canadá e diversas províncias não exigem um diretor residente local. Além disso, a contabilidade não precisa ser feita na jurisdição, e as empresas não são obrigadas a apresentar documentos transacionais a nenhum órgão regulador.

Embora seja um lugar relativamente fácil de se fazer negócios, a variação de leis e recomendações nas várias províncias pode causar complexidade para empresas estrangeiras. Operar em diferentes províncias, especialmente em Quebec, pode ser mais difícil, pois as entidades multijurisdicionais têm exigências de relatórios que variam de acordo com a província. Além disso, a necessidade de residência local das diretorias varia de acordo com a jurisdição de incorporação.

Ter funcionários em várias províncias também pode aumentar a complexidade, pois as regras e frequências de pagamento variam ligeiramente entre cada local. Em função da manutenção do trabalho remoto introduzido durante a pandemia e ao subsequente aumento de funcionários trabalhando remotamente, é provável que as exigências de registros extra-provinciais para entidades não residentes se tornem mais comuns no futuro.

O Canadá é um lugar bastante simples para se fazer negócios. Existem alguns desafios, principalmente com relação à operação em Quebec, mas, fora isso, é um país bastante coordenado.

Confira os dados do Canadá no Painel de Insights de Complexidade.

59. Jamaica

A simplicidade para se fazer negócios na Jamaica vem do foco em processos digitais e online que facilitam a incorporação e operação de negócios. Por exemplo, a incorporação é mais simples graças à possibilidade de registro online em vez da necessidade de fazê-lo junto aos departamentos de empresas ou fiscal.

Este foco nos processos online foi ainda mais impulsionado pela Covid-19, portanto, apesar da complexidade criada pela pandemia, houve algumas mudanças que ela provocou que impulsionaram a simplicidade na Jamaica. Nos próximos anos, a jurisdição continuará investindo em processos digitais, portanto, devemos observá-la se tornar ainda mais simples no futuro.

Outro aspecto que impulsiona a simplicidade na Jamaica é o comprometimento com os padrões internacionais como a legislação de KYC e de UBO. Isso permite que as empresas internacionais que já aderem a tais legislações se adaptem rapidamente às formas de trabalho na jurisdição.

No entanto, alguns aspectos da incorporação e operação de negócios podem criar complexidade. Por exemplo, o National Insurance Scheme da Jamaica muda com relativa frequência.

Na Jamaica, é relativamente simples fazer negócios e verificar o compliance a partir de qualquer lugar do mundo. Os processos online, como a possibilidade de registro online do departamento de empresas e no departamento fiscal tornam as coisas mais simples.

Confira os dados da Jamaica no Painel de Insights de Complexidade.

71. Estados Unidos da América (EUA)

Dada sua abordagem progressista com relação aos negócios e o foco na simplicidade, não é surpreendente ver os EUA mantendo sua posição entre as jurisdições mais simples. Um dos principais impulsionadores da simplicidade é que o Governo procura ativamente torná-lo favorável para as empresas. Por exemplo, nos últimos anos, as taxas de imposto corporativo foram reduzidas em um esforço para aumentar o investimento na jurisdição.

O estado de Delaware serve como um exemplo importante da postura empresarial progressista dos EUA. A receita gerada fora do estado é isenta de impostos, tornando-a particularmente popular e atrativa para a incorporação de empresas estrangeiras. Durante a pandemia da Covid-19, como aconteceu em todo o mundo, os EUA sofreram com alguns atrasos no tempo necessários para incorporar um negócio e também no processamento de algumas documentações, o que levou a um atraso em Delaware que está gerando impacto até agora. Apesar da demora, os EUA possuem um rápido processo de incorporação online que ajudou a aliviar a complexidade durante a pandemia.

Operar em vários estados dos EUA pode adicionar uma carga administrativa, com estados com cargas tributárias diferentes, como vemos em Delaware, portanto, garantir que essas taxas de impostos sejam observadas fora dos estados é um aspecto necessário da operação comercial. Isso também pode criar um gerenciamento adicional na criação, pois pode haver a necessidade de incorporar em vários estados quando o vínculo for estabelecido. No entanto, isso normalmente não é complexo, portanto, quando as empresas são gerenciadas adequadamente, elas conseguem evitar problemas.

Graças à sua força de trabalho qualificada e de alcance global, os EUA devem continuar sendo uma das jurisdições mais atrativas para empresas estrangeiras. No entanto, com os recentes desdobramentos na jurisdição com relação à crise Rússia-Ucrânia e as questões de inflação após a pandemia, será interessante observar como o cenário dos negócios mudará.

Acredito que quando você tem investidores querendo expandir no exterior, a consistência e a previsibilidade política são alguns dos principais fatores em consideração. A história mostrou que os EUA têm uma cultura que favorece os negócios e que abraça o empreendedorismo. Este é um dos pilares deste país e contribuiu para se tornar um dos países mais ricos do mundo.

Confira os dados dos EUA no Painel de Insights de Complexidade.

73. Ilhas Virgens Britânicas (IVB)

As Ilhas Virgens Britânicas são continuamente uma das jurisdições mais simples em nosso índice, orientada por uma ambição do Governo e dos órgãos legislativos de serem atrativos para investidores e empresas estrangeiras.

Dois aspectos fundamentais que contribuem para isso são a simplicidade de abertura de uma empresa e a ausência de tributação. Há também uma ênfase na transparência, o que significa que as empresas e os investidores sabem que seu dinheiro e seus ativos estarão seguros e protegidos. Nos últimos dez anos, a jurisdição se concentrou no alinhamento internacional com órgãos como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Organisation for Economic Co-operation and Development – OECD). Isso, em alguns casos, criou um pouco mais de complexidade, pois existem certos regulamentos e legislações às quais empresas e investidores precisam aderir. No entanto, a transparência e a segurança tem sido aspectos percebidos como valiosos. Além disso, a adesão a estes padrões não é muito prejudicial, pois são comuns em outras jurisdições globalmente.

Com estes padrões de transparência, podem surgir problemas. O não cumprimento das exigências de substância econômica pode resultar em multas pesadas, por isso é importante garantir que eles sejam levados a sério e cumpridos.

Graças à sua ausência de tributação e foco na transparência, ao mesmo tempo em que preserva a privacidade, as IVB atraem riqueza privada, family offices e investidores de fundos, bem como negócios no mercado de capitais. Elas atuam como um domicílio neutro para um grande número de empresas e indivíduos da maioria das regiões do mundo que precisam de uma estrutura eficiente para suas empresas em uma estrutura legal bem estruturada. A jurisdição se recuperou plenamente da pandemia da Covid-19 no final de 2021, provando ser resiliente e oferecendo eficiência e flexibilidade em transações internacionais e gerenciamento de ativos, cumprindo as regulamentações globais.

Os clientes de private equity e family office das IVB da América do Sul e de outras partes do mundo agora procuram com frequência as credenciais de práticas Ambientais, Sociais e de Governança (Environmental, Social and Governance – ESG), especialmente quando se trata de operar de maneira ambiental e socialmente responsável. Embora as IVB não possuam legislação de ESG específica, existe a expectativa de que isso possa mudar.

Nas Ilhas Virgens Britânicas temos uma legislação muito sólida, que é atualizada regularmente. Também temos o Commercial High Court do Caribe. Temos uma agência fiscal internacional que funciona muito bem, e algumas pessoas podem pensar: “Ok, mas isso não é assustador?”. Não é porque torna o país uma jurisdição muito bem regulamentada para fazer negócios.

Confira os dados das IVB no Painel de Insights de Complexidade.

76. Curaçao

Curaçao melhorou ainda mais sua classificação e alcançou o título de segunda jurisdição mais simples em 2022. Isso não é surpreendente, considerando o enfoque na simplicidade que foi incorporado às leis e à legislação de Curaçao nos últimos anos.

A contabilidade e os impostos são particularmente simples. Por exemplo, a contabilidade é menos complexa graças à interação mínima do Governo. Todas as declarações e arquivamentos de impostos sobre salários devem ser apresentados até o dia 15 de cada mês e, se as empresas cumprirem este prazo, haverá pouca complexidade.

A folha de pagamento e os recursos humanos podem ser um pouco mais complexos aqui, pois há maiores exigências de “prova” para garantir que as empresas e os indivíduos permaneçam transparentes. No entanto, isso se tornou mais simples graças ao desenvolvimento do arquivamento eletrônico e dos processos online. Além disso, não há necessariamente um impacto na atratividade da jurisdição porque a transparência e a abertura são vistas como aspectos positivos. Por exemplo, empresas e indivíduos na América do Sul são atraídos por Curaçao, pois ela oferece segurança e proteção de seus ativos.

Uma atrativo adicional para empresas da América do Sul bem como de outras regiões, são as capacidades linguísticas, com grande parte da força de trabalho com domínio sobre idiomas como papiamento, holandês, inglês, espanhol e português. A jurisdição também faz parte do Reino dos Países Baixos, e uma ênfase no alinhamento internacional aumenta a atratividade e a simplicidade.

Durante a pandemia da Covid-19, houve alguns atrasos na operação e incorporação de negócios. No entanto, foram encontradas soluções e os atrasos foram resolvidos em poucos meses. Isso incluiu um aumento na autorização do uso de assinaturas digitais de documentos. No entanto, durante e emergindo da pandemia, a jurisdição sofreu com escassez de funcionários, principalmente nos ramos de hospedagem e lazer.

Há uma expectativa de que as exigências de Beneficiário Final (Ultimate Beneficial Owner – UBO) possam aumentar nos próximos anos, o que pode afetar a realização de negócios em Curaçao. No entanto, há pouca dúvida de que a jurisdição continuará sendo altamente atrativa.

No início da pandemia os negócios desaceleraram um pouco, porque ninguém estava acostumado a trabalhar em casa e os cartórios não estavam abertos. Alguns negócios não podiam ser realizados, mas depois de alguns meses, todos encontraram uma maneira de contornar esses problemas. Governos e autoridades fiscais estão se tornando mais flexíveis na adoção de assinaturas e arquivamentos eletrônicos.

Confira os dados de Curaçao no Painel de Insights de Complexidade.

77. Ilhas Cayman

As Ilhas Cayman são classificadas como a jurisdição mais simples do GBCI, impulsionada pelos regulamentos contábeis e fiscais muito simples da jurisdição. Incorporar uma entidade estrangeira é um processo extremamente simples e ágil. No entanto, enquanto as Ilhas Cayman foram removidas da “lista cinza” do Grupo de Ação Financeira (Financial Action Task Force – FATF), que apresenta jurisdições nas quais a lavagem de dinheiro não é suficientemente prevista em lei, as Ilhas Cayman foram adicionadas à própria lista cinza da União Europeia (UE).

Durante 2022, espera-se que o Governo aprove uma legislação que exigirá que as sociedades limitadas (limited partnerships – LPs), não apenas empresas, apresentem seus Beneficiários Finais (Ultimate Beneficial Owners – UBOs). Embora não seja esperado um impacto na complexidade, haverá um projeto de remediação para que os provedores de serviços financeiros obtenham e relatem suas LPs.

Os impactos da Covid-19 na forma como as empresas estrangeiras operam nas Ilhas Cayman foram amplamente positivos. As assinaturas manuais pré-pandemia eram previstas, se não necessárias, enquanto agora, espera-se que o uso das assinaturas eletrônicas avance. Os processos de relatórios foram digitalmente simplificados.

O governo das Ilhas Cayman foi rápido em responder e adaptar suas operações para aumentar a eficiência, apoiando o setor de serviços financeiros de maneira mais adequada durante o auge da Covid-19. Essas mudanças tornaram-se, em sua maioria, procedimentos operacionais padronizados. Em contraste com apenas alguns anos atrás, todas as transações com o General Registry, como a formação e apresentação de entidades, e apresentações regulatórias à Autoridade Monetária das Ilhas Cayman e ao Departamento de Cooperação Tributária Internacional, agora são realizadas exclusivamente por meio de plataformas online.

Confira os dados das Ilhas Cayman no Painel de Insights de Complexidade.

O Índice Global de Complexidade Corporativa

O GBCI 2022 fornece uma visão geral confiável da complexidade de criar e operar negócios em todo o mundo. Ele explora fatores que impulsionam o sucesso ou o fracasso dos negócios internacionais, com foco na operação em mercados estrangeiros, e descreve os principais temas globais emergentes, bem como as complexidades locais em 77 jurisdições.

Explore as classificações, análises e tendências globais do GBCI para ajudá-lo a encontrar seu caminho para o crescimento em meio à complexidade do compliance corporativo.

Para baixar e ler o relatório na íntegra, visite o Hub Global de Complexidade Corporativa hoje.

Para saber mais sobre os catalisadores da complexidade corporativa nas jurisdições que te interessam, por que não explorar nosso Painel de Insights de Complexidade?

Índice Global de Complexidade Corporativa (GBCI)

GBCI 2022: as 10 jurisdições menos complexas

O Índice Global de Complexidade Corporativa 2022 da TMF Group explora 292 diferentes indicadores relacionados à complexidade corporativa, para fornecer uma análise aprofundada dos desafios globais e locais que afetam a facilidade de se fazer negócios em todo o mundo.

Explorar tópico

Índice Global de Complexidade Corporativa (GBCI)

Complexidade corporativa na América do Norte: aprofundando os conhecimentos sobre as jurisdições

O Índice Global de Complexidade Corporativa 2023 da TMF Group explora 292 diferentes indicadores relacionados à complexidade corporativa para fornecer uma análise aprofundada dos desafios globais e locais que afetam a facilidade de se fazer negócios em todo o mundo.

Explorar tópico