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Head of ESG Administration Services
Publicado
20 agosto 2024
Tempo de leitura
4 minutos

Relatórios ESG: três fatores, mas uma mesma questão

Com a grande ênfase em práticas sustentáveis e estratégias responsáveis de investimento, as regulamentações de ESG emergentes determinaram novos requerimentos para empresas, investidores e reguladores. Estas regulamentações em constante mudança provocam importantes desafios para os financiadores de projetos, como parte de sua rotina de gestão. Frequentemente, a resposta tem sido agregar recursos e competências, desenvolver novas fontes de expertise e criar departamentos que possam atender aos novos requerimentos.

A evolução das práticas de ESG

O conceito de investir em práticas Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) evoluiu ao longo dos anos e foi aprimorado por meio de uma série de marcos importantes. O processo foi iniciado a partir da identificação de produtos antiéticos, como o tabaco e as armas, mas foi apenas em 2006, com o lançamento dos Princípios para o Investimento Responsável das Nações Unidas, que as práticas de ESG ganharam destaque. Atualmente, elas estão em evidência e abordam diferentes temas como sustentabilidade, ética empresarial e capital humano. Estão sendo feitos esforços para padronizar as métricas e os requerimentos relacionados à elaboração de relatórios globais, enfatizando o fato de que as práticas de ESG estão rapidamente se tornando um aspecto crucial do investimento responsável e da governança corporativa.

Ainda que a governança corporativa tenha se tornado algo consolidado, garantir processos robustos de governança com relação aos aspectos ambientais e sociais é igualmente importante para se obter relatórios abrangentes. Portanto, os financiadores de projetos precisam lidar com as novas demandas de ESG, no entanto, gerenciar este processo dentro de uma estrutura existente “tradicional” de risco, custo e compliance.

Relatórios mais detalhados também foram introduzidos para aumentar a transparência, reduzindo e mitigando o impacto gerado pela emissão de carbono de projetos ou de empresas. Também houve uma restrição do impacto ambiental mais abrangente dos projetos, como aqueles que são requeridos para a emissão de licenças e autorizações, principalmente no que diz respeito aos impactos sobre a biodiversidade.

Apesar disso, este foco nas preocupações ambientais também reflete o fato de que os aspectos relacionados à governança já haviam se desenvolvido. Em algumas regiões, como na América Latina, houve, indiscutivelmente, um avanço ainda mais rápido nos aspectos sociais das práticas de ESG nos últimos anos. O impacto gerado por um projeto com relação a um grupo indígena, à diversidade de gênero e à melhoria da qualidade de vida de grupos socioeconomicamente vulneráveis, por exemplo, tornou-se uma pauta importante para o setor de financiamento de projetos.

A priorização das questões sociais decorre das mesmas razões que incitaram as discussões ambientais – com projetos que vão além de evitar danos e, em vez disso, são capazes de apontar para os benefícios deles dentro das questões sociais, promovendo a agenda.

ESG: interconectado

Existem muitas semelhanças e sobreposições entre os regulamentos de ESG em desenvolvimento como, por exemplo, uma movimentação em direção à transparência. No entanto, em muitos casos, há um reforço direto em cada um dos fatores “E”, “S” e “G”, ao avaliar o impacto específico de um projeto. Por exemplo, muitos projetos melhoram os aspectos ambientais e sociais simultaneamente, sublinhando o fato de que as várias facetas das práticas de ESG estão interligadas e, muitas vezes, geram influência umas nas outras.

Um novo sistema de transporte elétrico que conecta um bairro de baixa renda ao centro da cidade está, ao mesmo tempo, diminuindo as emissões de carbono e a poluição. Por outro lado, ele também está melhorando a saúde da comunidade local e permitindo que as pessoas se desloquem mais rapidamente para seus empregos, aumentando a produtividade e ajudando na coesão familiar e social. Neste caso, o que é mais importante? O “E” ou o “S”?

Padrões de sustentabilidade: avançando – com precaução

Os relatórios ESG não se tratam apenas de atender a padrões cada vez mais rigorosos ou de participar de um exercício de compliance. Há também benefícios reais que podem ser proporcionados às empresas que se predispõem a adotarem processos de ESG.

Eles incluem:

  • melhor performance financeira – a adoção de práticas sustentáveis reduzirá custos, aumentará as margens de lucro e gerará vantagem competitiva
  • gestão eficaz de riscos – o foco nos fatores de ESG ajudará a mitigar prejuízos financeiros e de reputação e aumentará a confiança dos investidores
  • atração e retenção de talentos – os funcionários, especialmente os jovens adultos que entram no mercado de trabalho, têm maior probabilidade de permanecerem em organizações que adotam práticas corporativas sustentáveis
  • melhora no relacionamento com stakeholders – os relatórios ESG promovem maior transparência, o que, por sua vez, aumenta o envolvimento e a confiança dos stakeholders
  • preparação do seu negócio para o futuro – um compromisso com as práticas sustentáveis aumentará a segurança da sua organização contra incertezas e promoverá a adaptabilidade.

Ao adotar os princípios de ESG – e enxergá-los como fatores interligados –, as organizações podem desfrutar de múltiplos benefícios a longo prazo, no caminho rumo à sustentabilidade.

Relatórios de sustentabilidade: uma tendência global

O cenário global de relatórios ESG está mudando e os requerimentos que os compõem ultrapassaram as fronteiras da UE, com diversos países tornando obrigatória a divulgação de dados de ESG.

No Estados Unidos, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários (Securities and Exchange Commission – SEC) introduziu novas regras que exigem que as empresas padronizem e aprimorem os relatórios sobre os riscos relacionados ao clima. Da mesma forma, no Canadá, os bancos, companhias de seguro e instituições financeiras elegíveis são agora obrigados a reportarem os riscos relacionados ao clima que geram, embora isso ainda não seja obrigatório para organizações de outras indústrias.

Na Ásia, as três principais bolsas de valores da China anunciaram recentemente requerimentos obrigatórios de relatórios de ESG para grandes empresas e de dupla cotação nas bolsas e, em Singapura, todas as empresas listadas são obrigadas a divulgarem suas práticas de sustentabilidade.

Outras jurisdições, como a Austrália e o Brasil, começaram a adotar padrões de relatórios baseados na estrutura do International Sustainability Standards Board (ISSB).

Na Europa, a nova legislação – a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (Corporate Sustainability Reporting Directive – CSRD) – tornou os relatórios de sustentabilidade obrigatórios para mais de 50.000 empresas que operam na UE. As organizações multinacionais com filiais na região também são obrigadas a cumprirem as regras dispostas na CSRD ou enfrentarão penalidades.

A jornada de elaboração de relatórios ESG é complexa e multifacetada, e o movimento global em direção à produção de relatórios ESG mais padronizados está ganhando força. Estruturas internacionais como a Global Reporting Initiative (GRI) e as Padrões de Divulgação de Sustentabilidade das IFRS fornecem orientações para ajudar as organizações a divulgarem seu impacto de ESG de maneira eficiente, na busca por maior transparência e responsabilidade.

Obtenha respostas para suas perguntas mais urgentes sobre relatórios ESG

Os relatórios ESG ajudam as empresas a avaliarem proativamente o seu impacto no meio ambiente e na sociedade de maneira geral. Desde a retenção de talentos até o aumento da confiança dos investidores, os benefícios da elaboração de relatórios ESG são bastante diversos.

No entanto, o processo de elaboração de relatórios pode ser complexo e desafiador, exigindo um domínio total e envolvimento sobre diferentes funções. Leia nossa seção de “Perguntas frequentes sobre relatórios de sustentabilidade” para acessar uma lista de perguntas frequentes que orientarão sua jornada de elaboração de relatórios de sustentabilidade.

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