Fazendo negócios nos EUA
Os Estados Unidos da América (EUA), comumente referido como Estados Unidos, estão localizados na América do Norte e fazem fronteira ao norte com o Canadá e ao sul com o México.
O país é uma república federativa composta por 50 estados, um distrito federal e diversos territórios, além de ser uma potência econômica. É também o terceiro maior país do mundo em tamanho e população, e registrou um produto interno bruto (PIB) de mais US$ 25 tri em 2022, cerca de um quarto do total global.
Os EUA são um membro importante e com voz ativa da Organização Mundial do Comércio (OMC), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), do Acordo Estados Unidos – México - Canadá (United States-Mexico-Canada Agreement – USMCA), da Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Asia-Pacific Economic Cooperation – APEC), e da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Fazer negócios nos EUA oferece às empresas locais e estrangeiras uma riqueza de oportunidades interessantes, mas há muito a considerar antes de expandir para este mercado. Por ser uma república federativa, por exemplo, cada estado é soberano com relação a alíquotas de impostos, regimes trabalhistas e leis. Além disso, cada condado ou cidade de um estado tem o poder de impor requerimentos para impostos locais e licenças comerciais.
Apesar destes desafios, a extensão geográfica e as incomparáveis perspectivas de crescimento dos EUA continuam atraindo empresas interessadas em investir no país e fazer negócios dentro de suas fronteiras.
Oportunidades de negócios nos EUA
Os EUA sempre buscaram oferecer aos investidores estrangeiros um mercado estável e acolhedor para fazer negócios.
O país possui um sistema jurídico particularmente bem desenvolvido e transparente que protege as empresas e os seus diversos investimentos; uma moderna infraestrutura; e acesso a um dos mercados consumidores mais lucrativos do mundo.
Os EUA também se beneficiam de um ambiente de baixa tributação e de um sistema tributário que promove uma série de incentivos atrativos para as empresas investirem no setor de pesquisa e desenvolvimento (P&D), o que contribui para que que elas se mantenham preparadas e competitivas dentro do mercado global atual.
Fatos rápidos: |
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Tanto a nível federal como estadual, os investidores estrangeiros são elegíveis para receber créditos de financiamento, como empréstimos subsidiados de longo prazo. Para ajudar a incentivar novas empresas a prosperarem dentro de suas fronteiras, os EUA estão empenhados em oferecer aos investidores alguns dos melhores serviços disponíveis, incluindo créditos fiscais, programas de concessões, empréstimos e isenções fiscais.
As empresas estrangeiras agora podem se beneficiar da assistência oferecida por três agências federais: a Economic Development Administration (EDA), que oferece empréstimos de longo prazo com alíquotas preferenciais para atividades que promovem a criação de empregos, a Small Business Administration (SBA), e o United States Department of Agriculture (USDA) que podem conceder até 90% dos empréstimos voltados para empresas comerciais que geram empregos nas zonas rurais.
Dada a variedade de benefícios oferecidos, não é difícil imaginar que, atualmente, diversas empresas internacionais estejam fazendo negócios nos EUA, incluindo a Rolls-Royce, a Siemens, a Unilever e a Shell.
Quando se trata dos melhores lugares para fazer negócio dentro dos EUA, as oportunidades são bastante diversas.
Além de nomes globais como Nova York e Los Angeles, há uma série de centros emergentes interessantes. Miami, por exemplo, conquistou o topo do primeiro ranking “Investing in America”, produzido pela colaboração entre a Financial Times e a Nikkei em 2023. O ranking avaliou as melhores cidades dos EUA para negócios e investimentos estrangeiros, com a Flórida concentrando três entre as dez principais cidades, enquanto os estados do Texas e da Carolina do Norte apresentaram duas cidades cada.
As vantagens de se fazer negócios nos EUA
É fácil entender por que os EUA são um mercado atrativo para empresas que desejam investir no exterior. Além de constituírem cerca de 25% de toda a atividade econômica global, os EUA também sediam um quarto das 500 maiores empresas do mundo.
Como evidenciado pelo Índice Global de Complexidade Corporativa 2023 da TMF Group, os EUA continuam sendo uma das jurisdições mais simples para se fazer negócios. Esta simplicidade é decorrente de um foco constante na criação de um ambiente favorável aos negócios que atraia investimentos estrangeiros diretos (IEDs).
Embora a economia dos EUA esteja atualmente crescendo em um ritmo ligeiramente menos acelerado do que foi registrado historicamente, como resultado das contínuas pressões que afetam os mercados globais, nenhuma outra economia ostenta um histórico de crescimento econômico a longo prazo tão estável e consistente.
Ainda que os EUA tenham registrado um aumento no índice de inflação nos últimos anos, a mudança na presidência de Trump para Biden significou maior confiança entre os investidores. O ex-presidente Donald Trump era favorável a questões fiscais e aos negócios, no entanto a volatilidade que sua administração gerou pode ter sido desafiadora para as empresas no país. A gestão de Joe Biden tende a oferecer um ambiente mais tranquilo para investir.
Além de contarem com um dos mercados consumidores mais dinâmicos do mundo, as empresas estrangeiras que fazem negócios nos EUA também se beneficiam do acesso facilitado ao comércio internacional junto aos países vizinhos, como México e o Canadá, graças ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (North American Free Trade Agreement – NAFTA), que gradualmente eliminou a maioria das tarifas e outras barreiras comerciais sobre produtos e serviços.
Conforme mencionado previamente, diversos estados e cidades dos EUA oferecem créditos fiscais e outros incentivos para atrair investimentos globais. As empresas que estão abrindo ou aumentando seus negócios nos EUA também podem se beneficiar de uma mão de obra altamente qualificada, instruída e flexível, que é abastecida por algumas das melhores universidades e faculdades do mundo.
E para aqueles que trabalham com a indústria criativa, os EUA também proporcionam um robusto regime de proteção e aplicação dos direitos de propriedade intelectual, o que é algo compreensivelmente atrativo para investidores em atividades inovadoras de P&D.
Os desafios de se fazer negócios nos EUA
Embora os EUA seja, indubitavelmente, um país cheio de oportunidades, assim como acontece em qualquer outro mercado, há uma série de desafios e considerações sobre as quais as empresas devem conhecer.
Cada um dos 50 estados possui suas próprias leis e regulamentos estaduais específicos e, portanto, as empresas devem garantir que estão em total compliance tanto com as regras a nível federal, como com estas ponderações a nível estadual para evitar riscos à reputação e, potencialmente, processos judiciais.
Além disso, cada estado em que uma entidade se registra também exige um agente local. A TMF Group possui conhecimento especializado no fornecimento destes serviços administrativos em todos os 50 estados e tem ajudado inúmeras empresas internacionais a permanecerem em compliance com os requerimentos locais.
Os EUA também possuem um conjunto complexo de impostos federais, estaduais e locais – na verdade existem mais de 80.000 diferentes jurisdições fiscais em todo o país, e o Internal Revenue Service (IRS) é conhecido por aplicar rigorosamente as regras fiscais.
A pandemia da Covid-19, no entanto, gerou uma série de novas regulamentações relacionadas a questões como licenças de funcionários e autorizações para trabalho remoto.
Para ajudar a lidar com alguns destes desafios, a TMF Group organizou uma visão geral sobre como fazer negócios no EUA.
Impostos e regulamentos
Nos EUA, os impostos são aplicados nos níveis federal, estadual e local. O conhecimento local é, portanto, essencial para ajudar as empresas a lidarem com este complexo cenário.
A regulamentação da reforma tributária dos EUA, promulgada em dezembro de 2017, reduziu permanentemente a alíquota federal de 35% sobre o Imposto de Renda Corporativo (Corporate Income Tax – CIT) aplicável às empresas residentes para uma taxa fixa de 21%. A tributação nos EUA sobre os rendimentos auferidos por pessoas não-estadunidenses depende da ligação entre o rendimento e os EUA e do nível e extensão da presença do indivíduo não-estadunidense nos EUA.
Os EUA não cobram IVA ou imposto sobre vendas a nível federal. Cada jurisdição estadual e local pode cobrar uma alíquota de imposto sobre vendas, que normalmente varia entre 0% e 10,02% entre estados. A alíquota máxima do Imposto sobre Ganhos de Capital (Capital Gains Tax – CGT), por sua vez, é de 21%.
As Normas Internacionais de Relatório Financeiro (International Financial Reporting Standard – IFRS) não são utilizadas nos EUA porque o governo local não as adotou como norma contabilística oficial. Em vez disso, os EUA utilizam seu próprio conjunto de Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (Generally Accepted Accounting Principles – GAAP).
Visão geral sobre os impostos: |
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O cenário regulatório nos EUA está em constante evolução, fazendo com que seja crucial que as empresas mantenham o controle sobre suas ações. As leis antilavagem de dinheiro (Anti-Money Laundering – AML) dos EUA, por exemplo, consistem em uma série de estatutos e regulamentos de implementação, começando pela Lei de Sigilo Bancário (Bank Secrecy Act – BSA), que foi promulgada em 1970.
No que diz respeito aos desdobramentos mais recentes, a Lei de Transparência Empresarial (Corporate Transparency Act - CTA), que entra em vigor em 1 de janeiro de 2024, cria a primeira base consistente e abrangente de dados sobre beneficiários efetivos. Com o objetivo de prevenir práticas comerciais corruptas, como o financiamento do terrorismo, ela fornecerá informações essenciais às autoridades responsáveis pela aplicação da lei.
RH e folha de pagamento
O Departamento do Trabalho (Department of Labor – DOL) dos EUA é a principal organização governamental responsável por fazer cumprir as regulamentações trabalhistas nos EUA.
Atualmente, o DOL administra e aplica cerca de 180 leis trabalhistas federais, incluindo a Lei dos Padrões Justos de Trabalho (Fair Labor Standards Act – FLSA), que rege os padrões salariais e de pagamento de horas extras, e a Lei de Segurança Ocupacional e Saúde (Occupational Safety and Health Act – OSH), que abrange os padrões de saúde e segurança no local de trabalho. A Lei Trabalhista (Employment Act – EA) trata de contratos de serviço.
As leis federais e estaduais proíbem os empregadores de discriminarem funcionários no momento de suas contratações com base em raça, cor, religião, sexo, idade, origem étnica/nacional, deficiência ou condição de veterano. Os empregadores são obrigados a entrar com um pedido junto ao DOL para a aprovação da contratação de um trabalhador estrangeiro.
Uma autorização de trabalho nos EUA não equivale a um visto de trabalho nos EUA. Uma autorização de trabalho permite que indivíduos que já residem nos EUA trabalhem legalmente. No entanto, o visto de trabalho é um tipo de visto que deve ser solicitado antes de entrar no país.
Cada estado tem o poder de estabelecer suas próprias regulamentações sobre os ciclos da folha de pagamento. Os salários podem ser pagos semanalmente, quinzenalmente, mensalmente ou semestralmente. De acordo com a FLSA, o salário-mínimo a nível federal é fixado em US$ 7,25 por hora. Vários estados posteriormente estabeleceram seus próprios valores de salário-mínimo.
O sistema de previdência social nos EUA inclui os Seguros de Velhice, Sobrevivência e Invalidez (Old-Age, Survivors and Disability Insurance – OASDI), bem como o Sistema de Seguros de Saúde (Medicare). Normalmente, empregadores e funcionários contribuem, cada um, com 6,2% de seu salário ao OASDI, e ambos contribuem com 1,45% de seus vencimentos para o Medicare.
Além disso, os empregadores estão sujeitos a impostos federais e estaduais sobre desemprego, conhecidos como FUTA e SUTA, respectivamente. O FUTA é um imposto de 6% sobre os primeiros US$ 7.000 de salários pagos a cada funcionário, enquanto o SUTA varia de acordo com o histórico de desemprego registrado no estado e na empresa.
Abrindo um negócio nos EUA
Em termos de representação corporativa, os investidores estrangeiros que entram nos EUA normalmente utilizam uma corporação, uma empresa de responsabilidade limitada ou uma sociedade. O tipo de entidade corporativa que for escolhida dependerá de diferentes fatores: responsabilidades, tributação e finalidade de elaboração de relatórios.
Colocar a entidade escolhida em funcionamento nos EUA é um processo relativamente simples, especialmente quando se firma uma parceria com um provedor de serviços corporativos confiável ou um agente registrado. Os prazos para elaboração de declarações podem variar e levar vários dias para reunir os elementos necessários, pois cada estado possui seus próprios requerimentos para os diferentes tipos de entidades.
É possível que você tenha que se registrar em cada estado em que opera, dependendo das leis de cada estado. Em termos gerais, considera-se que uma empresa conduz atividades corporativas em um estado quando:
- Sua empresa possui presença física neste estado
- A receita da sua empresa neste estado excede um valor limite em dólares
- Qualquer um dos seus funcionários trabalha neste estado
Para receber o melhor assessoramento jurídico e tributário antes de proceder à efetiva constituição ou formação de uma empresa, é considerada uma boa prática entrar em contato com um advogado e um consultor fiscal para cada nova entidade que será criada.
Embora os EUA continuem sendo um mercado popular para empresas que desejam expandir sua presença, o volume e a escala crescentes de exigências regulatórias podem representar desafios importantes. Os requerimentos legais variam tanto a nível federal como estadual, de modo que manter a boa governança à medida que surgem novos requerimentos, como a CTA, pode ser algo complexo para aqueles que entram neste mercado pela primeira vez.